PORTUGUESE - The interview with Chris (97)
Posted by Thor on February 06 2008 17:25:46

O que fez o último disco do Therion, Theli, tão bom como foi, foi a combinação da beleza sinfônica e da crueldade do metal. Também é um disco que contém muita emoção e sentimento, algo que falta em muitos lançamentos no metal esses dias. Celebrando seu décimo ano de existência, Therion lançou "A' Arab Zaraq Lucid Dreaming", que é uma coletânea de materiais diferentes antigos do Therion, junto com algum material raro/novo. Esse lançamento também marca (celebridade?) as presenças de Dan Swano do Edge of Sanity, Peter Tagtgren do Hypocrisy, e Tobbe Sidegard do Necrophobic. Eu tive a oportunidade de bater um papo com o guitarrista/vocalista Christofer Johnsson sobre o novo lançamento do Therion, entre outras coisas.

CoC: Fale-me sobre o novo lançamento de vocês, o que contém nele, e por que você o lançou?

Christofer Johnsson: É um CD de comemoração do décimo aniversário, então não é um disco de verdade, mas sim apenas um lançamento. Nós realmente não planejamos lança-lo no começo, tínhamos apenas algumas sobras do Theli que estavam prestes a ser lançadas como single, as primeiras três músicas desse CD. Mas a Nuclear Blast da Alemanha queria que a gente incluísse uma música do Iron Maiden que fizemos para um disco japonês de tributo, e também tínhamos essa música do Running Wild que a gente não queria [incluir, mas nós a gravamos] apenas pra gente porque costumávamos tocá-la ao vivo. Eles quiseram inclui-las num mini-CD, mas mini-CDs são ruins de promover e manufaturar como um CD normal, mas se vendessemos por um preço mais barato as gravadoras não conseguiriam nada além de que os fãs teriam de pagar muito por apenas cinco músicas. Mas então eu disse, "Hey, já fazem 10 anos, então poderíamos fazer algo com isso", então fomos ao estúdio novamente e fizemos uma regravação de "Symphony of the Dead", outro cover que foi "Here Comes The Tears" do Judas Priest, e incluimos uma trilha clássica que fiz para um filme. Além disso, bem antes de irmos ao estúdio, decidimos fazer um experimento em que pegamos a fita original com a trilha clássica e adicionamos guitarras, bateria, e baixo à ela, e funcionou muito bem, então decidimos incluir isso também. Ao invés de termos um single, nós tivemos um disco inteiro. Claro, é apenas um lançamento de aniversário pros fãs do Therion, não é realmente um novo disco.

Visto que vocês já completam 10 anos, diga-me sobre algumas experiências boas ou ruins que o Therion passou?

Maior parte das experiências ruins acabaram sendo boas no fim porque aprendemos algo com elas. Durante os anos difíceis, quando fizemos a primeira turnê européia, quando estávamos na estrada com um micro-ônibus, nem mesmo uma van mas sim um mini-ônibus Japonês. Nós praticamente perdemos dinheiro em todos os shows por causa da despesa que tínhamos que cobrir em merchandise [vendas]. E toda a confusão com gravadoras. Trocamos de gravadoras como cuecas no começo, trocando a cada disco até o "Lepaca Kliffoth", que foi nosso quarto disco. Então acho que todas as experiências ruins acabaram sendo necessárias pelo que somos hoje.

Então você conseguiu estabilidade com a Nuclear Blast?

Sim. Primeiro porque eles nos trataram muito bem, mesmo que o "Lepaca Kliffoth" não têve o sucesso era esperado. Eles tratam todas as bandas [da gravadora] muito bem, mesmo que elas não vendam muito. Eles correram um grande risco quando gravamos o "Theli", que custou em torno de 45.000 dólares. Vendemos em torno de 22.000 cópias do "Lepaca Kliffoth" na Europa, e eles nos deram essa qüantia [de dinheiro] que era mais que o dobro do que nos ofereceram no contrato. Eles disseram "não se importem com o contrato, apenas vão ao estúdio e façam o disco". Isso é muito corajoso, eles poderiam ter perdido uma fortuna, então devemos muito um grande obrigado a eles. Agora as coisas estão indo bem, e estamos tendo toda a atenção que precisamos da gravadora para melhorarmos cada vez mais. Além de eles serem brilhantes homens de negócios, são também grandes fãs da música que vendem, o que é muito importante. O dono da gravadora é muito pé no chão. Se você tem um problema, você pode ligar pra ele diretamente e ele pode resolver [o problema] pra você. Não é como se você tivesse aquele cara intocável que é dono da gravadora e que apenas fica ganhando dinheiro de todos. Ele está disposto em trabalhar muito e isso te faz sentir muito melhor. Somos mais como uma equipe, não temos apenas uma relação de negócios.

O quanto o "Theli" vendeu, á propósito?

Na Europa, em torno de 50.000 CDs originais foram vendidos. Fitas cassetes originais foram lançadas na Europa também. De certo modo, isso realmente conta visto que as pessoas que compram as fitas originais são tão fãs quanto alguém que compra o CD pelo preço todo. Com fitas cassetes originais, eu não sei. Talvez 55 a 60. [mil]. Hoje, acho que vendemos 2000 CDs originais pelo preço completo na Rússia, o que é ótimo também. Nos EUA, não muito bem, infelizmente. EUA e Canadá juntos, mal chegaram nos 5000, que é nossa média de todos os discos nossos, vendemos 5000 lá. É realmente estranho, é como se qualquer coisa que lançacemos, ainda vendesse 5000. Então acho que temos fãs muito leais do outro lado do mundo, o que é uma coisa positiva, mas também negativa porque só chegamos a esse número. E com a inauguração do escritório da Nuclear Blast na America, estou muito otimista pelo futuro.

Sua escolha de covers de bandas como Running Wild, Judas Priest, e Iron Maiden...o instrumental dessas bandas influenciaram no som do Therion em alguma época em específico?

O Scorpions, se você acreditar, foi a maior influencia pra gente. Scorpions dos anos 80 não é o meu favorito, e por favor note que o Scorpions nos anos 90 é a pior porcaria que posso imaginar. Mas o Scorpions nos anos 70 foi uma das melhores bandas de hard rock do mundo, e poucas pessoas conhecem. Eles foram tão brilhantes nessa época e me deram muita inspiração, especialmente pela harmonia das guitarras, e eu até mesmo roubei um riff e o coloquei em uma das músicas do "Lepaca Kliffoth". Muitas pessoas me disseram "wow, esse riff é tão legal", e eu disse "é um riff dos Scorpions". Então fizemos o cover dos Scorpions, "Fly to the Rainbow", que é do segundo disco deles de 1974. Muitas pessoas disseram sem saber de onde era, "hey, essa nova música é bem legal, um pouco diferente do Therion, mas bem legal" e quando eu digo a eles que é dos Scorpions, eles não querem acreditar. É algo que realmente queríamos fazer, uma retribuição aos Scorpions. Gostamos muito de Maiden, crescemos ouvindo eles. O mesmo pra Judas Priest, dos anos 70, 80, até 90, Judas Priest foi muito bom, e uma das minhas bandas favoritas falando de gosto musical, não que influencie minhas composições. Pra falar a verdade, não sou muito fã de Running Wild, tenho só um disco, o "Under Jolly Roger" que é muito bom. Essa música em particular é boa, e funciona muito bem ao vivo, então tocamos muito ela ao vivo. Especialmente na Alemanha, onde não temos que cantar o refrão porque o público faz isso pra gente.

Você compôs uma trilha sonora há pouco tempo. Sobre o que era o filme?

É um filme sobre arte, então é como, você descobre e me diz! Eu gosto de filmes cultos, mas filmes artísticos ás vezes são muito pesados pra mim. Não vejo o ponto ou significado ou mensagem do filme, mas é como um lindo quadro. É difícil explicar sobre o que é.

Ele te procurou pra fazer a trilha?

Ele ouviu "Theli" e achou impressionante, e me perguntou se eu gostaria de fazer algo fora do metal, apenas música clássica com cantores de ópera. Eu também adicionei alguns teclados em algumas partes para ter mais clima de filme, então apenas 5% são teclado pra uma sensação atmosférica. Foi um grande desafio.

Eu soube que o Lars (Rosenberg, baixista) e o Jonas (Mellberg, guitarrista, tecladista) deixaram a banda. Quais foram os motivos para suas saídas?

Eles foram demitidos por problemas com álcool. Jonas começou a beber no estúdio. Enquanto fazíamos o cover do Maiden, ele ficou bravo e foi embora no meio da sessão, me deixando com uma fita inacabada. Foi uma briga que ele teve com o técnico de som, ele estava bêbado, portanto agindo como um idiota, e ele foi embora no meio do negócio, então claro, o demitimos. O álcool aumentou os problemas pessoais dele a limites que eram inaceitáveis. Pelo Lars, que era amigo meu há oito anos, foi bastante triste, mas no fim, ele tomou uma decisão consciente entre a banda e o álcool, e ficou com o álcool. Ele sempre foi um beberrão, e depois de um tempo, percebemos que ele estava tocando muito mal, então nós [como banda] começamos a beber cada vez menos. Mas ele bebia cada vez mais, e sua performance estava muito ruim e nós falamos pra ele "pega leve, beba depois do show. As pessoas estão pagando um bom dinheiro pra nos ver tocar ao vivo, é muito desrespeitoso se importar mais em ficar bêbado do que fazer um bom show". E um dia, ele caiu de bunda no palco porque estava muito bêbado, e isso foi a gota d'água pra gente. Demos uma chance pra ele, e muitas outras, mas nunca houve nenhuma melhora da parte dele. O desrespeito dele pela gente e pelo público nos shows resultou na gente não querer fazer mais nada com ele como pessoa e como músico. Ele foi então pra América do Sul e ficou morando com algum fã idiota que ele conheceu quando estávamos lá. Depois ele foi despejado pelo fã, então acho que isso o fez acordar porque fiquei sabendo que ele parou de beber. Acho que ele teve que ir até o fundo do poço, ser despejado por um fã e ir morar na rua, e talvez o cérebro dele tenha começado a funcionar novamente. Realmente é uma pena, porque ele era um dos melhores baixistas aqui em Estocolmo, e agora ele é um dos piores.

E finalmente, que outras possibilidades musicais você acha que o Therion talvez possa explorar nos próximos discos?

Nunca se sabe. Eu sempre quero fazer algo novo. Foi muito bom eu ter feito a trilha sonora porque eu me aprimorei na música clássica, e eu acho que o próximo disco poderia ter sido o primeiro disco previsível do Therion se eu não tivesse feito essa trilha sonora clássica, porque todo mundo acharia que faríamos coisas mais clássicas no próximo disco, poderia ter acontecido. Sempre quero fazer algo completamente diferente e as pessoas dizem "hey, o que é essa merda? É Therion?". Não sei que direção tomar no próximo disco. Temos algumas músicas até aqui, e gravaremos lá pro fim do ano, como Dezembro. Pelas músicas feitas até aqui, eu diria que ainda está clássico, e ainda usamos corais operísticos, mas não há muitos clichês clássicos. Se AC/DC tocava clichês do rock and roll, então tocamos clichês clássicos. Se você ouvir só a música clássica no "Theli", não há originalidade, apenas tocamos música clássica. A trilha sonora é um pouco mais original, mas eu quero ir além disso. Quero fazer música clássica original pra metalizar e fazer músicas pro Therion. E quero também incluir muitos elementos que nunca usamos. Acho que seremos mais épicos. Não quero dizer gothic porque não há outra banda a qual possa me referir que se rotulem de gothic, definitivamente nada como Sisters of Mercy ou algo parecido. Eu diria épico. Não é a palavra mais apropriada, mas ao menos é a que mais chega perto a qual possa pensar.

Entrevista feita por Adam Wasylyk, 12/8/1997
Tirada do Chronicle of Chaos -
http://www.chroniclesofchaos.com/

Traduzida por Paulo Squarsoni

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